Estou em crer que as máscaras cirúrgicas cheiram a cócó
Voltei a andar de transportes. É um alívio. Já terminei um livro sobre o serviço de cardiologia de um hospital na Flórida, chamado "Mulheres de Branco". Até aprendi um novo método de retirar toxinas do sangue. No entanto, hoje esqueci-me da máscara mágica que fiz e a segurança da estação da Fertagus obrigou-me a ir comprar uma nova. E cheirava a cócó.
Os autocarros mudaram os horários e mudaram o sítio onde param. Hoje um senhor gordo, com grandes nádegas peludas saindo da calça de ganga, veio a correr perguntar se o autocarro parava ali. Deixei-o sentar-se, porque parecia prestes a ter uma apoplexia, e expliquei-lhe onde o autocarro parava. Pareceu não compreender. Depois sentou-se à minha frente no transporte e pareceu-me cheirar ainda pior.
Falando em máscaras, gosto muito das pessoas velhotas que a usam debaixo do nariz, para poderem respirar melhor, mas gosto especialmente das pessoas velhotas que a usam dentro do bolso da camisa. Parece que agora, como usamos máscaras, o sentido de distância social desapareceu. As pessoas chegam-se a mim e algumas tocam-me, o que me perturba. Para não sentir o cheiro da máscara passei a andar no trabalho com uma viseira, que ofereceram de um distribuidor de medicamentos. Sinto como se tivesse à frente da cara o vidro de um óculo gigante.
Voltei às aulas de costura, mas não tenho tecidos para fazer partes novas do meu projecto. Estou ansiosa por voltar a Lisboa para ver os tecidos, mas considerando que não posso ficar a fazer sala num sítio qualquer a ver a vista, por outro lado também não me apetece. O que estou ansiosa para fazer realmente é reunir-me com as pessoas que aprecio no meu quintal, que se tem estado lá tão bem com este sol de Maio.
Começamos a ver a série "Sete Palmos de Terra", com 20 anos de atraso. Estou a adorar, é muito divertida e fala da morte, que é um assunto que me interessa.
A minha tosse está todos os dias pior. Ou é corona ou é cancro. Espero que seja corona.
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