30 abril 2020

Secção Alameda/Areeiro - Semana #7


25 DE ABRIL SEMPRE!
Toda a polémica acerca da celebração do 25 de Abril 2020 na Assembleia da República pareceu uma manobra de mete-nojos fascizóides, que acham o 25 de Abril um feriado comunista e meteram-no no mesmo saco que a Páscoa.
1. Não se pode comparar alhos com bugalhos. Vivemos num estado laico, a Páscoa é um feriado religioso, e as restrições impostas foram apenas um reforço às restrições gerais, porque a malta não sabe ficar quieta em casa e quis ser solidária com a santa terrinha e os avozinhos, levando para lá o Covid-19! Aliás restrições que serão aplicadas ao fim de semana prolongado do 1º de Maio.
2. Trata-se da celebração da data em que o nosso país se tornou numa democracia, que permite a esses trolls insurgirem-se contra esta comemoração sem irem presos, onde foi conquistada a liberdade que nos deu muitos dos privilégios que temos como dado adquirido actualmente. Sobretudo nestes tempo pó calypsicos é fundamental celebrar este acontecimento.
3. Não se tratou de uma festa, com beberete, croquetes e pastéis de bacalhau, para "os políticos" prevaricarem com o nosso dinheirinho suado dos impostos. Tratou-se de assinalar uma data, com mais ou menos (acabou por ser até bem menos) o quorum que tem estado diariamente na Assembleia, a ditar as normas para assegurar a nossa segurança e conforto mínimos, como o rendimento das pessoas, um tecto sobre as cabeças e salvar o máximo de vidas possível.
4. Nunca foi planeada uma celebração para o dia inteiro, apenas uma, duas horas, num espaço com capacidade para cerca de 700 pessoas, onde têm reunido cerca de 140, estavam previstas 160, acabaram por estar presentes cerca de 70, metade das que têem ocupado o hemiciclo diaramente.
5. Os Capitães de Abril são um grupo de risco sim senhor, mas ninguém os obriga a ir a lado nenhum, foram convidados. Foi para isso que serviu o 25 de Abril.
Toda a comunicação acerca desta celebração foi muitíssimo mal gerida pelo governo, que não pensou duas vezes no mais previsível, os fachos pegarem nisso e empolarem-no pelo feicebuque afora. Péssima estratégia e planeamento em avanço.
Dado o seu passado e muitas das atitudes popularuchas que toma com frequência, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa deu provavelmente o seu melhor discurso de sempre que, espero, tenha calado todas as más línguas que só querem chamar a atenção. São trolls. Ponto. Também quero elogiar Rui Rio, que achei sempre um bronco, por todo o seu comportamento durante a pandemia e também as suas palavras na Assembleia no 25 de Abril. É assim que a oposição se deve comportar sempre: questionar o governo, sim, mas fazê-lo de forma construtiva e não atacar só porque sim.

Bom, fora o refilanço acima, a minha semana foi tranquila. Mas vá-se lá saber porquê, achei as comemorações do 25 de Abril mais emocionantes este ano. Há muito que não desço a Avenida ou faço pouco mais que vestir-me e a uma das moças de vermelho (com um cravo na cabeça, naturalmente), pois em geral estou a trabalhar e perdi um bocado a paciência, mas gostei das várias iniciativas que a internet me proporcionou e a RTP está mais do que de parabéns por ter sido verdadeiro serviço público, exibindo vários filmes e documentários sobre o 25 de Abril. Entreti-me imenso a analisar o guarda roupa das pessoas em 1974, para além do vermelho obrigatório, havia muito amarelo e mais cor do que se vê nas imagens do tempo da ditadura. Interessante!
Tenho estado a ver Years and Years, do meu herói Russel T Davies, mas mais espaçado. É brutal! Quero ver com atenção e o meu bricolage da semana não me permite essa atenção. Também revi o meu filme preferido de Peter Greenaway, Drowning by Numbers, um DVD que comprei super baratinho na ultima vez que estive no Cinema Ideal (acho que há cerca de um ano). Adoro este filme!
Construí uma cama Stuva da IKEA, à escala 1:6, em contraplacado, com secretária e módulo de gavetas, que está agora em processo de pintura. Fiquei cheia de dores na mão direita, mas já estou quase boa. Preciso de uma serra de mesa (e de um atelier) para as miniaturas, tão cedo não posso voltar a fazer uma proeza destas, as minhas mãos são demasiado preciosas!
Também estou a preparar um projecto, mas que só revelo se der certo. Para já, segredo dos deuses! Mas desejem-me sorte!

Na rua, apesar de a maioria das lojas ainda estarem fechadas, as pessoas comportam-se como num dia normal. Com máscaras. Algumas. Mal colocadas. Aqui a secção hoje cheirava a desinfectante, não a cloro, mas tipo desinfectante hospitalar. O tempo é que parece também estar pó calyptico: está frio e chuva, muito anormais para fim de Abril. Só espero que para a semana, com o aparente levantamento de algumas restrições, o correio passe a estar aberto o dia inteiro. Hoje esperei cerca de meia hora, com direito a discussão por causa de um toque de espelhos de carro, para entretenimento da bicha para o correio, e, enquanto esperava, a fila quadruplicou!

Sem comentários:

Enviar um comentário