08 abril 2020

Secção Alameda/Areeiro - Semana #4

O portal para a outra freguesia


Não gosto de telefones!

Estou a começar a achar que a minha quarentena tem 3 sabores: picante, alhado (ou ambos) e doce. Estranhamente nem tenho dado assim tanto nos doces como esperava. Mas pão, queijo, leite e chá não podem faltar!

Já terminei The Mandalorian, que delícia! Adorei! Agora, indo contra os conselhos da minha amiga Tabby, estou a acabar de ver Chernobyl. Tinha de ver. Apesar de Portugal estar longe e a nuvem de radioactividade supostamente não ter passado os Pirinéus, lembro-me de acompanhar o acidente com atenção na altura e de ficar muito impressionada. Falando em catástrofes, mais ou menos na mesma época de Chernobyl, o vaivém espacial Challenger explodiu no ar durante o lançamento, e lembro-me de pensar como eram bonitas as imagens do acontecido. Desde então, sempre que algo igualmente impressionante acontece, volto a reparar que as imagens, embora trágicas, têm sempre uma beleza insólita, que não consigo deixar de ver. Durante esta pandemia, são as fotografias das cidades vazias, onde só faltam as plantas invasoras para serem o cenário de um livro de J.G. Ballard, um dos meus escritores de ficção científica preferidos, que tem andado, por razões óbvias, muito presente na minha cabeça.
Também resolvi incluir pelo menos 1 episódio de um anime na minha rotina Pó Calypsica, comecei por finalmente terminar de ver Sailormoon Crystal, faltam-me cerca de 10 episódios.

Eu sei que temos de estar presentes de alguma forma para a família e etc., mas detesto estar ao telefone e os telefonemas diários aborrecem-me. Esta é uma das muitas razões porque eu dificilmente me aguentaria mais que uns dias num emprego num call center. Deve ser a primeira coisa a atrofiar-me neste Pó Calypso.

Esta semana resolvi aventurar-me à freguesia vizinha para ir às compras, ao Lidl. Costumo ir ao Lidl pelo menos uma vez por mês, pois tem uma série de produtos que gosto, como espargos, os secos, o cappucino e o pão, entre outros.
A tasca da esquina estava com o movimento do costume: uns 3 ou 4 cá fora, num passeio que tem pouco mais de 1,5m de largura, não havia barreira à porta e pareceu-me que estavam mais uns quantos lá dentro... Giro giro foi quando passou um carro da polícia, que parou à porta da tasca, e pelo menos 2 das pessoas que estavam cá fora fugiram como as ciganas na Guerra Junqueiro nos anos 80! Ri-me tanto! Quando voltei ainda estavam mais pessoas cá fora... Isso explica os meus vizinhos do lado não pararem com o entra-e-sai diário, a tasca continua como de costume.
Pouco antes tive uma pequeno incidente à porta da loja de informática, onde fui para trocar o cabo HDMi (ninguém precisa de um cabo HDMi normal<->mini?). Quando cheguei, estava um senhor a ser atendido à porta, portanto fiquei à espera na distância de segurança. Eis que aparece um senhor, com a máscara mal colocada, a penca toda de fora, a cirandar à porta da loja, numa tentativa muito pouco velada de me passar à frente. O senhor que estava a ser atendido pediu-lhe que respeitasse a distância de segurança e o homem afastou-se a contragosto. Aproveitei para dizer que também estava à espera para ser atendida. Resolveu implicar comigo, que era obrigada a usar máscara (está um letreiro à porta a explicar que só entram pessoas com máscara), ao que respondi que não ia entrar na loja, apesar de ter uma máscara, caso fosse necessário (que aliás usei no Lidl e no comboio). Ainda resmungou, mas acabou por dar meia volta e foi-se embora, para entrar no prédio em frente! :D
Conclusão, apesar da clara quebra de movimento na rua e de haver menos carros, muitas das pessoas com que me cruzo não respeitam a distância de segurança e por vezes até são mal educadas.

Tanta obra pela cidade fora! No meu percurso do Alto do Pina à estação de Entrecampos, passei por pelo menos 3 prédios em obras de remodelação, mais um punhado de obras mais pequenas. Não percebo onde encaixam as obras nos serviços mínimos, sobretudo quando não vejo nenhum dos trabalhadores com equipamento sanitário, para além dos capacetes. Não me parece que quarentena signifique que se pode aproveitar para fazer obras, do mesmo modo que não é estar de férias.
Para compensar, entre o ocasional cheiro a lixivia, senti o petrichor no Jardim Fernando Pessa (onde também havia obras!).

Como estava mesmo muito carregada, decidi voltar de comboio (sempre armada com o meu fiel lápis com borracha na ponta para carregar nos botões), a carruagem vinha va-zi-a, foi um descanso. Desta vez foi bom verificar que as drogarias e casas de ferragens estão abertas, nestas alturas há uma certa tendência para as coisas avariarem, é bom saber isso. Ah! E fiz umas máscaras, cosidas à mão, porque a máquina avariou, com chita de flores, vermelha com bolinhas brancas e algodão branco com malmequeres azuis escuros. Se temos de usar máscara, ao menos que seja com estilo! Vou por o link para os moldes na coluna aqui ao lado.

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